Aborto Masculino?

Quando ampliamos esta questão para além do ato em si, podemos perceber que o aborto é uma consequência de um estilo de vida imoral (sem regras) e sem responsabilidade adotado pela cultura humanista do nosso tempo. Numa visão cristã de mundo, o prazer sexual é pra ser desfrutado numa relação de aliança e compromisso sério entre um homem e uma mulher, justamente, por ser o principal fundamento para a segurança e proteção dos futuros filhos.

A escolha por interromper uma gravidez geralmente é um atalho, uma fuga, uma tentativa de conter ou maquiar um erro anterior, levando a outros abismos mais perigosos ainda. Como diz o salmista que “um abismo leva a outro abismo”. A concepção não pode ser interrompida, pois o bebê é uma outra vida, outra pessoa em sua fase inicial. Ele não é parte do corpo da mãe, mas um novo ser com direito inalienável a vida em todas as suas fases. A hora de evitar o bebê deveria ser bem antes e não desta forma cruel e sanguinolenta.  (...)

Não entre por este caminho e evite este atalho. Não brinque com aquilo que é sério, pois as consequências são muito graves. Quando Deus estabeleceu critérios elevados em torno do relacionamento entre um homem e uma mulher, certamente Ele pensava nos graves desdobramentos de uma irresponsabilidade. Os traumas emocionais e físicos deste atalho irresponsável de ambos (pai e mãe) podem ser irreparáveis e se estenderem por toda a vida. O peso de culpa é torturante. Certamente Deus pedirá conta aqueles (homem e mulher, pais e mãe) que deveriam ser os primeiros responsáveis pela proteção desta nova vida, desta nova pessoa em seus primeiros dias de vida.

Seria, então, o aborto, somente uma questão feminina? Leiamos o relato em João 8:1-11 e vejamos como Jesus tratou a questão em pauta neste caso e daí, tiremos algumas conclusões para o caso da responsabilidade masculina em relação ao aborto.

"Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras. E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. 
De repente, os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério, e, pondo-a no meio, disseram-lhe: - Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, incriminados pela consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: - Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: - Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais".  (João 8:1-11)

Onde estava o homem desta relação ilícita? Fugiu? Foi absorvido pela cultura dominante?
Qual a culpa dos homens em relação ao aborto? Onde começa o aborto masculino?

Começa quando um homem de forma irresponsável brinca com aquilo que é sério. Quando abandona a sua parceira em um momento decisivo, quando mais ela precisava de apoio emocional, geralmente estes homens se escondem e até zombam da situação. Quando entregam totalmente no colo da mulher o peso emocional e financeiro da responsabilidade de trazer uma criança ao mundo. Estes homens chegam a ser cruéis!

Temos certeza que muitas destas mortes seriam poupadas por homens que fossem capazes de assumir juntos o ônus de sua frivolidade num relacionamento casual ou descuidado. Certamente muitas destas mulheres e crianças jamais adentrariam pelos fossos da clandestinidade (ou não) das clínicas especializadas em decepar bebês e seriam livres dos vales sombrios da culpa.

Voltando ao texto, o mais interessante na narrativa sagrada é que este homem não foi inocentado. Ele é tão pecador quanto ela e o mestre revelou a hipocrisia dos seus acusadores. Existe consequência para todas as nossas escolhas e certamente Deus não deixará impune estes homens que abandonaram a paternidade e deixaram suas mulheres (amadas ou não) entregues a sorte e seus filhos crianças entregues a morte. Chega da hipocrisia de apontar o dedo às mulheres como se não existisse nenhuma responsabilidade masculina na questão do aborto. Aborto é sim uma questão de responsabilidade masculina, antes de mesmo de ser um problema considerado estritamente feminino.

Excerto da "Lição 9: Desprezo pela vida: Aborto e Suicídio" da Coleção Aprender a Palavra - Ensino Religioso para 9º ano Ensino Fundamental.
Veja mais em: Aprender a Palavra vol. 9 (ISBN 978-85-7668-724-5)




E o nosso folclore?

O folclore enquanto manifestação da individualidade do nosso povo é muito rico e deve ser objeto da nossa atenção. Temos percebido um distan...