Aborto Masculino?

Quando ampliamos esta questão para além do ato em si, podemos perceber que o aborto é uma consequência de um estilo de vida imoral (sem regras) e sem responsabilidade adotado pela cultura humanista do nosso tempo. Numa visão cristã de mundo, o prazer sexual é pra ser desfrutado numa relação de aliança e compromisso sério entre um homem e uma mulher, justamente, por ser o principal fundamento para a segurança e proteção dos futuros filhos.

A escolha por interromper uma gravidez geralmente é um atalho, uma fuga, uma tentativa de conter ou maquiar um erro anterior, levando a outros abismos mais perigosos ainda. Como diz o salmista que “um abismo leva a outro abismo”. A concepção não pode ser interrompida, pois o bebê é uma outra vida, outra pessoa em sua fase inicial. Ele não é parte do corpo da mãe, mas um novo ser com direito inalienável a vida em todas as suas fases. A hora de evitar o bebê deveria ser bem antes e não desta forma cruel e sanguinolenta.  (...)

Não entre por este caminho e evite este atalho. Não brinque com aquilo que é sério, pois as consequências são muito graves. Quando Deus estabeleceu critérios elevados em torno do relacionamento entre um homem e uma mulher, certamente Ele pensava nos graves desdobramentos de uma irresponsabilidade. Os traumas emocionais e físicos deste atalho irresponsável de ambos (pai e mãe) podem ser irreparáveis e se estenderem por toda a vida. O peso de culpa é torturante. Certamente Deus pedirá conta aqueles (homem e mulher, pais e mãe) que deveriam ser os primeiros responsáveis pela proteção desta nova vida, desta nova pessoa em seus primeiros dias de vida.

Seria, então, o aborto, somente uma questão feminina? Leiamos o relato em João 8:1-11 e vejamos como Jesus tratou a questão em pauta neste caso e daí, tiremos algumas conclusões para o caso da responsabilidade masculina em relação ao aborto.

"Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras. E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. 
De repente, os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério, e, pondo-a no meio, disseram-lhe: - Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, incriminados pela consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: - Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: - Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais".  (João 8:1-11)

Onde estava o homem desta relação ilícita? Fugiu? Foi absorvido pela cultura dominante?
Qual a culpa dos homens em relação ao aborto? Onde começa o aborto masculino?

Começa quando um homem de forma irresponsável brinca com aquilo que é sério. Quando abandona a sua parceira em um momento decisivo, quando mais ela precisava de apoio emocional, geralmente estes homens se escondem e até zombam da situação. Quando entregam totalmente no colo da mulher o peso emocional e financeiro da responsabilidade de trazer uma criança ao mundo. Estes homens chegam a ser cruéis!

Temos certeza que muitas destas mortes seriam poupadas por homens que fossem capazes de assumir juntos o ônus de sua frivolidade num relacionamento casual ou descuidado. Certamente muitas destas mulheres e crianças jamais adentrariam pelos fossos da clandestinidade (ou não) das clínicas especializadas em decepar bebês e seriam livres dos vales sombrios da culpa.

Voltando ao texto, o mais interessante na narrativa sagrada é que este homem não foi inocentado. Ele é tão pecador quanto ela e o mestre revelou a hipocrisia dos seus acusadores. Existe consequência para todas as nossas escolhas e certamente Deus não deixará impune estes homens que abandonaram a paternidade e deixaram suas mulheres (amadas ou não) entregues a sorte e seus filhos crianças entregues a morte. Chega da hipocrisia de apontar o dedo às mulheres como se não existisse nenhuma responsabilidade masculina na questão do aborto. Aborto é sim uma questão de responsabilidade masculina, antes de mesmo de ser um problema considerado estritamente feminino.

Excerto da "Lição 9: Desprezo pela vida: Aborto e Suicídio" da Coleção Aprender a Palavra - Ensino Religioso para 9º ano Ensino Fundamental.
Veja mais em: Aprender a Palavra vol. 9 (ISBN 978-85-7668-724-5)




Edificai


Edificai
mas não para um dia
usai paciente e sábia engenharia
estruturação não fugidia
a fim de que nos anos futuros
os filhos dos teus filhos já maduros
o edifício contemplem e digam
com orgulho, com honra e com amor
pedras que nossos pais assentaram
edifício que edificaram
colunas do Senhor

John Dresch

Mãe Coruja: os dois lados da "corujice" materna

Por Daniella Cartaxo 

Já ouviu esta expressão? Alguém já lhe atribuiu este título?
Que sentimento é este? Como administrá-lo com equilíbrio? Será que ele é de todo saudável?

Toda mãe tem um pouco disto, claro. Basta que nos olhemos no espelho! Então, está na hora de descobrirmos mais sobre a 'corujice' materna. Comecemos descobrindo a sua origem e de onde surgiu esta metáfora. Vejamos qual seria o motivo desta associação das mães com as aves corujas:

A Coruja e a Águia
(Fábula de Esopo - Fabulista grego do século V a.C.)

A coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
-Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
-Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
-Neste caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave. Já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três mostrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.
- Que? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

Moral da história: Quem o feio ama, bonito lhe parece.



É certo que toda mãe carrega um certo grau de corujice. Olhe para você! Quantas vezes você já não se pegou fazendo um corujice? Amor abnegado, amor sacrificial. Cuidado e proteção, e um forte sentimento de exclusividade em relação aos seus filhos. Tudo isto até certo ponto é normal e uma bela expressão do sentimento materno. Podemos ter muitos exemplos disto.

Mas, existe o lado perigoso da corujice. Na bíblia encontramos um relato disto. Nos capítulos 18 e 19 de Mateus, Jesus já vinha ensinando acerca da verdadeira grandeza. Em cada trecho destes capítulos o recado parece ser um só: grandeza, fama, nome e dinheiro, nada disto tem valor para Jesus, nada disto o impressiona. Em um momento Jesus ainda diz claramente: Os últimos serão os primeiros e os que desejam ser os primeiros serão os últimos. Mal terminou Jesus de falar, veja o que aconteceu. Apareceu Salomé, a Senhora Zebedeu, acompanhada de seus dois filhos, Tiago e João. Ajoelhando-se diante do filho de Deus, pediu um favor muito ‘singelo’:- Senhor, manda que no teu reino, estes meus dois filhos, se assentem um a tua direita e outro a tua esquerda. (Mt 20:21)

É natural e até bem materno e humano sentimentos dirigidos a preocupações com o futuro, com posição ou grandeza que nutrem as mães para com os filhos. Talvez não seja lá muito natural uma mãe, depois de um sermão sobre isto, tenha tido a ‘coragem’ de fazer um pedido desses a Jesus. Mas foi por amor aos filhos! Pode dizer alguém. Mas, ainda assim, foi um erro.

Vejamos alguns destes erros, que podemos até dizer que são ‘erros de amor’ de mãe, ou melhor, erros de corujices e mimos exagerados que mais atrapalham o crescimento saudável do que fortalecem os filhos para um caráter virtuoso.

1. Mãe coruja é sempre tentada a dar uma educação permissiva e tolerante as suas crias. Querem livrá-los de qualquer dificuldade e impedimento. Elas são mães ‘super’e até hipersolícitas e deixam as crianças fazerem o que tiverem vontade de fazer. Toleram e relevam os seus erros e colocam-nas sempre em primeiro lugar em toda situação. Não lhes estabelecem limites para as suas ações. São gestos de afeto, mas inadequados e com excessos de mimos.
Muitas por passarem boa parte do dia ausentes, na volta para casa querem agradar as crianças a todo custo e não põe limites tão necessários a uma educação saudável. Outras tiveram uma infância dura e sofrida e não querem permitir que aconteça o mesmo aos seus filhos.
Aqui deve-se observar o que se pode relevar e o que é inegociável. Tudo que vai de encontro a lei moral de Deus será inegociável.

2. Quando a corujice encobre(enfraquece) a autoridade que precisa ter. Elas dão ao filho o poder total para fazerem o que quiserem. Quando a mãe que ser a amigona do filho e levar a família sem referencial de autoridade.  A corujice é tanta que não possibilita o filho reconhecer a autoridade que está sobre a mãe. Ele acaba sempre vencendo e conseguindo o que quer com esta mãe ‘quase bobona’. Dependendo da idade os filhos vão ficando mestres em descobrir o que a desestabiliza e o que a faz ceder. (choro, show, bira, escândalo, etc).
As crianças vão crescendo sem respeitar o que os adultos determinam. Não existem limites para as suas vontades e não lhes são impostas as responsabilidades por seus atos.


3. São mães que não toleram os filhos passar qualquer frustração. Não consegue ver o filhotinho passa uma vontade sequer, isto é, querer algo e não o tê-lo de imediato. Estes filhos serão consumistas. Eles têm de aprender a amar as pessoas e usar as coisas.

4. São mães que acham que é mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema. No que elas mais se empenham é em aliviar quaisquer possibilidades de sofrimento dos filhos. Isto será um problema, pois a realidade da vida não funciona assim. A adversidade contribui para o crescimento do caráter.

5. Mães que acham que para o filho a vida consite só em curtir. Toda a responsabilidade cabe aos pais, enquanto aos filhos só cabe receber tudo pronto. Filhos que não sabem o que é gratidão. Acham que tudo é a mais pura obrigação dos pais. Recebem tudo na mãos, ou melhor, na boquinha. Estes crescerão egoístas e cheios de gosto. Imaginam que ‘o mundo estará sempre aos seus pés’.


Será que você se enquadrou em alguma destas corujices nocivas? Será que não estamos correndo o risco de ser tentadas a proceder de alguma destas maneiras inconvenientes como Salomé?
Recordemos alguns destes erros de mãe coruja: Educação permissiva e tolerante, liberdade e poder total para fazer o que quiser, não tolerar frustrações, quando é mais importante aliviar o sofrimento do que resolver o problema e o que vale é se divertir, porque as responsabilidades são dos pais.

Até que ponto tem atingido a nossa corujice? Será que não precisaremos de algum ajuste nesta inclinação natural para que ela não se torne nociva aos nossos filhos?

Pv 29:15 “... a criança entregue a si mesma, virá envergonhar a sua MÃE”. Neste texto de evidente sabedoria, podemos ver claramente o resultado destes erros. Filhos orientados segundo a sua própria vontade serão um vergonha para a mãe. Esta é uma dura realidade para as mães corujas.

Caras mães, sejam mães, isto é, toda mãe tem um pouco de coruja, mas façam isto na medida certa.
Não vamos criar aberrações, vamos criar filhos para glória de Deus. Autogovernados e submissos a Sua vontade e que crescam no temor do Senhor.

O que faz a escola cristã: Transformar ou Formar?

Por Rubens Cartaxo[1]

Estas são palavras muito comuns no contexto educacional. A primeira é sempre muito almejada como o propósito final para a educação, pelo menos como é geralmente prescrito na maioria dos documentos de planejamento de ensino dos sistemas educacionais e das escolas. Cabe a pergunta: Transformar o quê? Qual a forma que se deseja chegar? De antemão, já podemos perceber que, com base no paradigma atual, fica muito difícil se estabelecer uma resposta segura para estas perguntas, pois, nesta base atual, não temos referenciais claros e muito menos uma verdade a ser buscada.
Mas, deixando estas considerações ideológicas de lado, percebemos que ambos os verbos carregam a palavra ‘formar’. O que estamos formando? ou enformando? (no sentido de dar forma, assim como se coloca a massa de um bolo ainda líquida em uma fôrma[2] para assar e quando assado, este toma forma da vasilha).
Dizemos que a escola forma cidadãos. Falamos que vamos a uma ‘formatura’ e até dizemos que vamos nos ‘formar’ em alguma profissão no final de um curso. Qual a ‘fôrma’ foi usada no neste processo de formação(no sentido de currículo)? Ou ainda, que forma estamos assumindo (estamos ficando parecidos com o quê)? No que estamos nos transformando?
Para ampliarmos nossa reflexão, vamos definir algumas destas palavras envolvidas e iluminá-las com algumas porções da Palavra de modo a construirmos uma ideia guia capaz de nos conduzir melhor pela busca de uma autêntica transformação ao longo do processo educacional. Afinal, precisamos verificar de perto em qual destes dois processos a escola cristã deverá estar mais comprometida, se em apenas formar ou se é capaz de fato transformar.

Forma: lat. forma,ae 'aparência, semelhança, imagem, fôrma etc.' configuração, feição, feitio, figura, formato; ver tb. sinonímia de aspecto. configuração física característica dos seres e das coisas, como decorrência da estruturação das suas partes; formato, feitio. 3 a aparência física de um ser ou de uma coisa
Fôrma: peça oca em que se põe uma substância fluida que, ao endurecer, adquire o formato dessa peça; molde; recipiente côncavo que se usa para dar forma a preparações culinárias. Exs.: f. de bolo; f. de pudim, f. de queijo. 3 molde de madeira semelhante ao pé, usado na fabricação de calçados.  (HOUAISS, 2009)
Transformação: lat. transformatìo,ónis 'transformação, metamorfose'. ato ou efeito de transformar(-se).
Transformar: 1. Para mudar a forma de; mudar a forma ou aparência; metamorfosear; como uma lagarta transformada em uma borboleta.
2. Para mudar de uma substância para outra; para transmutar. Os alquimistas procuraram transformar o chumbo em ouro.
3. Na teologia, mudar a disposição natural e o temperamento do homem de um estado de inimizade para com Deus e sua lei, na imagem de Deus, ou em uma disposição e temperamento conforme(sujeito) à vontade de Deus. Seja transformado pela renovação de sua mente. Romanos 12: 2.  (WEBSTER, 1828)

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2)
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. (2 Coríntios 3:18)
“(...) até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. (Efésios 4:13-15)
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. (Colossenses 2:8)

Podemos perceber que transformar aponta para uma força localizada no interior e que de dentro para fora gera a sua aparência exterior ou neste contexto, a sua nova forma. Ao contrário, a palavra conformar denota uma ação mais passiva de onde uma força externa é que determina esta formatação.

Aplicando estas duas ideias ao contexto educacional, percebemos que uma proposta transformadora precisa começar com o coração. Precisa acontecer mudanças no interior que gere uma força de dentro para fora capaz de forçar e deslocar as estruturas já postas. Numa perspectiva cristã é o que chamamos de renovação de mente. A maneira de pensar é renovada pelo alinhamento do pensar pela revelação da Palavra e da ação do Espírito no coração do homem.

Formar(ou enformar) tem a conotação de uma pressão exercida de fora para dentro. Uma maneira de pensar e entender a vida da sociedade é que faz esta pressão e forma(ou modela) a mentalidade dos seus futuros cidadãos. Não só a escola, mas também a mídia, as diversas instituições, entre elas também a família, contribuem para esta somatória de forças externas que resultam nesta formação (daquilo que é aparente ou manifesto).

Nesta perspectiva, a educação cristã é alicerçada num processo que chamamos de transformação. Para sairmos de um lugar e chegarmos a outro faz-se necessário o exercício de uma força. Para deixarmos uma forma e assumirmos outra, igualmente faz-se necessária a atuação de forças. Duas questões nos são apresentadas para compreendermos melhor este processo: de onde mobilizaremos esta força e em qual sentido ele atuará. A resposta a estas duas perguntas mostrará a diferença entre ‘formação’ e ‘transformação’.

O primeiro passo é entendermos que o ser humano precisa ser moldado. Ele não pode ser entregue a si mesmo, pois se deixado sem cuidados, logo se transformará em um ser obtuso e rude. A inclinação natural do coração humano é má. A força para esta modelagem não pode ser aplicada de fora para dentro, pois não seria eficaz em formar um homem completo. Poderá, no máximo, oferecer uma aparência agradável, uma pessoa educada e capacitada para o exercício de uma função, mas no uso se mostrará fraca no caráter e na sua força interior para a virtude.

Uma transformação de fato precisa vir do interior, pois ela não se baseia nos valores reinantes do presente século, pois o oxigênio que a mantêm (ou deveria manter) viva vem do Reino de Deus e está para além de qualquer que seja o sistema econômico, político e de governo.
Jehle afirma que “a prioridade da nossa transformação é o nosso ser mais íntimo, o espírito, e então para fora, por meio do corpo. É no nosso espírito onde tudo começa” (JEHLE, 2015. Pág. 135).

A educação cristã é orientada ao interior, a mudar o coração que é a sede do espírito/alma humano. Com a mente transformada, a maneira de pensar é transformada e tem-se então, atitudes transformadoras e ações de transformação e não de conformação. É como se colocássemos a cabeça para fora de um ambiente poluído e respirássemos um ar novo e puro que nos traz vida.
Somente esta força interior é capaz de gerar possibilidades de mudanças reais e experimentarmos transformação na direção do mais elevado e mais virtuoso, que abençoa e dignifica em mais alto grau a ‘humanidade’ do homem. Do contrário, de modo passivo e sem mudanças no interior (no coração) o que nos resta é esperar que o meio (a cultura local, a mídia, os costumes, a condição econômica e social, a religião, etc) modele a forma de pensar e reproduza com esta fôrma externa muitos outros indivíduos réplicas fiéis, sem nenhuma possibilidade de mudança considerável, apenas manutenção ou degradação do estado atual para pior.

A abordagem educacional por princípios é uma abordagem reflexiva e que busca prioritariamente orientar o aprendizado sempre iniciando pela reflexão da causa para o efeito, raciocinando a partir de princípios, de modo a permitir a renovação da mente para compreensão, seja de conceitos, fatos, leis, sistemas, arranjos e processos de modo a aplica-los e (re)significa-los a medida em que são aplicados ao contexto trazendo compreensão, competências, soluções e realizações significativas e transformadoras da realidade que, geralmente tende a degeneração pelos efeitos da queda.

Assim, temos uma recomendação muito clara e que responde muito bem as indagações iniciais: formar ou transformar? O que vamos transformar? Como se dará uma transformação autêntica?
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2 (NVI)
E também temos um referencial bem objetivo a ser alcançado com a transformação, “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”, que é sermos segundo a imagem do Seu filho, que poderá ser experimentada mediante este processo de transformação pela renovação da mente.
“A quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo” e ainda: “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. (Cl 1:28 / 2:3)
Somente com a ação do Espírito Santo numa mente restaurada pode ser capaz de suplantar o status quo e fazê-la pensar e agir para além do paradigma proposto, esta ‘linha de montagem’ já pré-determinada do presente século, e de outros falsos mundos que ainda surgirão. Somente uma mente renovada, oxigenada pelo Espírito Santo e vivificada através da comunhão com o Pai de todo o conhecimento e sabedoria é capaz de transformar as estruturas de impiedade pré-estabelecidas nos dias atuais. Cremos nisto!!


JEHLE, Paul. Ensino e Aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã. Belo Horizonte: Aecep, 2015.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Objetiva, 2009. (versão digital)
WEBSTER, Noah. Dictionary. Americal Dictionary of the English Language. Webster's Dictionary 1828 - Online Edition. Acesso em 22/01/2018. http://webstersdictionary1828.com/




[1] Rubens Cartaxo é pedagogo e fundou e dirigiu, ao lado de sua esposa, uma escola cristã baseada na Abordagem Educacional por Princípios em Parnamirim (RN), por 21 anos. Hoje ele atua desenvolvendo currículos e aprimorando aplicações metodológicas que garantam a aprendizagem, desenvolva um caráter virtuoso e cultive o ‘temor do Senhor’ na próxima geração. (www.editoraimagodei.com)
[2] O novo Acordo Ortográfico estabeleceu que é permitido usar, opcionalmente, o acento diferencial no substantivo “fôrma” (uma ‘fôrma’ de pão, de bolo), para diferenciá-lo do substantivo ‘forma’ (em forma de dizer, forma de pensar ou fora de forma, bela forma, etc). Assim, pode-se dizer, por exemplo: “Comprei uma fôrma de bolo lindinha, com forma de estrela.” Dicionário e Gramática.com - Acesso em 20/01/2018. <https://dicionarioegramatica.com.br/tag/forma-ou-forma/>

Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil

Aniversário da Independência do Brasil
Uma reflexão sobre os conceitos de independência e liberdade
Por Rubens Cartaxo

Em nosso país, toda escola deveria ter, pelo menos, uma vez por semana um momento destinado ao desenvolvimento do espírito cívico - o que geralmente conhecemos por "momento cívico semanal".
Art. 14. Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos dias de festa ou de luto nacional, em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos.

Parágrafo único. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o hasteamento solene da Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo menos uma vez por semana.  (Decreto de Lei 5700 de 1° set.  1971)


Na escola que dirigimos procuramos sempre cumprir esta determinação legal de desenvolver o espírito cívico na nossa comunidade escolar, através de pelo menos um encontro semanal para exposição dos símbolos nacionais através do hasteamento de bandeira e canto do hino. Todas as segundas-feiras, por muitos anos, nos reunimos no pátio interno ou na frente da escola, para este momento que é sempre bem aproveitado na valorização da nossa individualidade como nação e construção da nossa identidade.
Por ocasião do período próximo ao aniversário da independência - a chamada ‘semana da pátria’ ou o ‘sete de setembro’, - este momento se reveste de um sentido especial por ser a escola este espaço responsável de promover a divulgação da nossa história e identidade como povo. Cabe aqui, destacarmos em rápidas palavras, o que significa esta ‘independência’ a ser comemorada neste período do ano de modo a oferecer aos nossos alunos um significado que promova reflexão e aderência à realidade.
Para melhor entendermos o seu significado, é melhor começarmos com o que ela não é. Independência não é “não depender de nada e de ninguém”, e também, neste mesmo sentido, não significa fazer o que quiser a partir de um determinado momento de desligamento de outro.
Num contexto de governo, independência deve ter o significado de desligamento para um novo começo, uma nova ordem, reconhecida como autônoma por aquele que antes provia a direção. É o caso de quando duas pessoas decidem caminhar juntas em família. O homem e a mulher deixam os seus familiares para iniciarem uma nova família, também debaixo de uma ordem social e desfrutando agora de mesmos privilégios. Neste sentido, independência pressupõe uma ordem natural para o desenvolvimento da vida. Quando os filhotes de um animal já são crescidos, naturalmente eles são desmamados e passam por este momento de independência dos pais, para buscarem a sua própria vida. É uma ruptura natural para uma nova ordem. Na bíblia encontramos este fundamento de governo desde muito cedo no livro de Gênesis.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2:24
Um dia já fomos ‘um povo dependentes de Portugal’, a nação que nos absorveu em um momento da história, nos dando a sua língua, sua cultura, estruturação, sua proteção, etc, até que, buscamos por nossa independência, que naturalmente tenderia a acontecer. Nem sempre isto é desejado por quem tem o poder sobre outro, pois os sentimentos egoístas sempre divergem desta ideia de um desligamento autônomo e responsável, contudo este momento deve acontecer, para que o crescimento continue. Até certo ponto a dependência pode ser natural, mas, depois de um processo de amadurecimento, se torna imperativo que aconteça este desmame, principalmente quando o maior tende a explorar cada vez mais o menor.
Por aqui, fomos nos aproximando deste estado mediante várias tentativas, manifestações e aspirações de liberdade privada e pública, até que em 07 de setembro de 1822, o povo brasileiro, através dos seus representantes, declaram-se desligados do domínio do governo português para serem uma nação livre e soberana. Isto poderia ter consequências graves se não fosse logo reconhecida esta independência. Mas, para nosso proveito, isto aconteceu de maneira pacífica, diferentemente de outras nações, que tiveram de lutar e conquistar este direito com o sacrifício de sangue de muitas vidas.
Desde este dia até hoje, somos uma nação livre e independente. Uma nação onde os direitos individuais são respeitados, claro que não na sua perfeição, mas pelos menos de modo geral; muitos são os avanços neste sentido. Um país independente deve manter-se sobre o fundamento da liberdade individual equilibrada através da consciência das responsabilidades coletivas. Suas leis devem refletir isto. Sabemos que a responsabilidade coletiva somente é manifestada de forma legítima quando o homem volta-se para Deus, desta forma, é correto afirmar o que diz o escritor bíblico, “feliz a nação cujo Deus é o Senhor”(Sl. 33:12). Somente quando o homem teme a Deus ele torna-se sensível para com o seu próximo e isto é uma garantia que as liberdades individuais não serão regidas pelo egoísmo, mas sim pela compreensão e cooperação entre seus semelhantes.
Então, viva a liberdade, viva a independência! Ainda somos uma nação livre e soberana! Deus seja louvado por isto! Estes ventos de liberdade fluem do seu trono e sempre possuem o Seu aval.
Agora podemos entender melhor porque cantamos “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. A liberdade é uma grande preciosidade de uma nação e digna de luta até a morte. Deve ser mantida e defendida pelo seu povo a qualquer custo.

Semana da Pátria no Instituto Imago Dei_2008

E o nosso folclore?

O folclore enquanto manifestação da individualidade do nosso povo é muito rico e deve ser objeto da nossa atenção. Temos percebido um distan...