Educação é um assunto nada simples, porém no seu embrião, na sua nascente, temos claramente dois caminhos muito distintos a seguir.
Grosso modo[1] é uma locução adverbial latina que significa literalmente “de modo superficial ou genérico”, ou ainda “sem entrar em pormenores, sendo bem direto e simples”.
Pensar educação numa perspectiva judaico cristã, neste ‘grosso modo’ é pensar no mundo de Deus, onde ele é criador, senhor e dono. E isto muda completamente a nossa maneira de ver a vida, pois agora eu tenho responsabilidades objetivas e externas a minha vontade. Isto significa que tenho agora a quem prestar contas e, saber a Sua vontade e propósito é o que mais desejo, ao lidar com o Seu mundo mesmo que feito para nós e para as próximas gerações.
É pensar que o mundo tem um criador que o idealizou e o
planejou de modo esplendidamente inteligente. E isto pressupõe ordem, beleza,
regularidade, leis e lógica que pode ser percebida por nossa inteligência. É ter
a certeza que podemos buscar coerência e lógica, pois ela existe. É compreender
que não somos um mero resultado do acaso, que existe um propósito para todos os
seres criados e para a vida.
É pensar que aprendemos, conhecemos e nos desenvolvemos
muito além da 'razão' dos gregos que viam o indivíduo apenas como corpo e mente. Conhecemos e nos desenvolvemos quando
contemplamos as obras de Deus em reverente adoração, quando o louvamos e nos
alegramos pelos seus feitos em favor do homem, aprendemos pela intuição,
aprendemos quando somos inspirados, quando nos deleitamos em descobrir a
verdade, aprendemos nos relacionamentos, na oração e na revelação no espírito e
através das escrituras. Isto sem dúvidas afetará todo o processo de ensino e
aprendizagem, e assim metodologias e currículos não poderão ser os mesmos, pois
o ser humano, nesta perspectiva, é muito mais do que corpo e mente, é alma, é
consciência, é primariamente um ser espiritual.
É pensar nos horríveis danos que o pecado causou a
humanidade e ao mundo natural. É compreender que o mundo perfeito foi
danificado e continua sendo atingido em todos os momentos por seus efeitos
nefastos. É compreender que a natureza humana tende a degradação e que carrega
uma culpa que somente pode ser expiada em Deus e na obra do seu filho. Isto
afeta as nossas mais otimistas pretensões de contar com a bondade humana para
resolver os seus próprios problemas. De fortalecer a vontade (autonomia) das
nossas crianças sem, contudo, lhe restringir as inclinações pelo engano, pelo
erro e pelo mal.
É pensar que toda a educação precisa apontar para a
redenção. Toda a criança necessita ser apresentada ao seu salvador. De lhe ser
dado o passaporte para o Reino e de lhe contar a maior das histórias. É contar
a sua história toda, desde a eternidade e o grande plano da sua redenção que
vem sendo executado.
E pensando assim, não faz nenhum sentido achar que podemos
educar a próxima geração do mesmo modo como é concebida numa visão greco-romana
e não cristã de mundo. Quem pensa com uma mente cristã a educação não poderá fazê-la
de outro modo senão comprometer-se com as suas implicações práticas, pois fé sem
obras não produz vida.
Rubens Cartaxo
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