Mãe Coruja: os dois lados da "corujice" materna

Por Daniella Cartaxo 

Já ouviu esta expressão? Alguém já lhe atribuiu este título?
Que sentimento é este? Como administrá-lo com equilíbrio? Será que ele é de todo saudável?

Toda mãe tem um pouco disto, claro. Basta que nos olhemos no espelho! Então, está na hora de descobrirmos mais sobre a 'corujice' materna. Comecemos descobrindo a sua origem e de onde surgiu esta metáfora. Vejamos qual seria o motivo desta associação das mães com as aves corujas:

A Coruja e a Águia
(Fábula de Esopo - Fabulista grego do século V a.C.)

A coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
-Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
-Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
-Neste caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave. Já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três mostrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.
- Que? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

Moral da história: Quem o feio ama, bonito lhe parece.



É certo que toda mãe carrega um certo grau de corujice. Olhe para você! Quantas vezes você já não se pegou fazendo um corujice? Amor abnegado, amor sacrificial. Cuidado e proteção, e um forte sentimento de exclusividade em relação aos seus filhos. Tudo isto até certo ponto é normal e uma bela expressão do sentimento materno. Podemos ter muitos exemplos disto.

Mas, existe o lado perigoso da corujice. Na bíblia encontramos um relato disto. Nos capítulos 18 e 19 de Mateus, Jesus já vinha ensinando acerca da verdadeira grandeza. Em cada trecho destes capítulos o recado parece ser um só: grandeza, fama, nome e dinheiro, nada disto tem valor para Jesus, nada disto o impressiona. Em um momento Jesus ainda diz claramente: Os últimos serão os primeiros e os que desejam ser os primeiros serão os últimos. Mal terminou Jesus de falar, veja o que aconteceu. Apareceu Salomé, a Senhora Zebedeu, acompanhada de seus dois filhos, Tiago e João. Ajoelhando-se diante do filho de Deus, pediu um favor muito ‘singelo’:- Senhor, manda que no teu reino, estes meus dois filhos, se assentem um a tua direita e outro a tua esquerda. (Mt 20:21)

É natural e até bem materno e humano sentimentos dirigidos a preocupações com o futuro, com posição ou grandeza que nutrem as mães para com os filhos. Talvez não seja lá muito natural uma mãe, depois de um sermão sobre isto, tenha tido a ‘coragem’ de fazer um pedido desses a Jesus. Mas foi por amor aos filhos! Pode dizer alguém. Mas, ainda assim, foi um erro.

Vejamos alguns destes erros, que podemos até dizer que são ‘erros de amor’ de mãe, ou melhor, erros de corujices e mimos exagerados que mais atrapalham o crescimento saudável do que fortalecem os filhos para um caráter virtuoso.

1. Mãe coruja é sempre tentada a dar uma educação permissiva e tolerante as suas crias. Querem livrá-los de qualquer dificuldade e impedimento. Elas são mães ‘super’e até hipersolícitas e deixam as crianças fazerem o que tiverem vontade de fazer. Toleram e relevam os seus erros e colocam-nas sempre em primeiro lugar em toda situação. Não lhes estabelecem limites para as suas ações. São gestos de afeto, mas inadequados e com excessos de mimos.
Muitas por passarem boa parte do dia ausentes, na volta para casa querem agradar as crianças a todo custo e não põe limites tão necessários a uma educação saudável. Outras tiveram uma infância dura e sofrida e não querem permitir que aconteça o mesmo aos seus filhos.
Aqui deve-se observar o que se pode relevar e o que é inegociável. Tudo que vai de encontro a lei moral de Deus será inegociável.

2. Quando a corujice encobre(enfraquece) a autoridade que precisa ter. Elas dão ao filho o poder total para fazerem o que quiserem. Quando a mãe que ser a amigona do filho e levar a família sem referencial de autoridade.  A corujice é tanta que não possibilita o filho reconhecer a autoridade que está sobre a mãe. Ele acaba sempre vencendo e conseguindo o que quer com esta mãe ‘quase bobona’. Dependendo da idade os filhos vão ficando mestres em descobrir o que a desestabiliza e o que a faz ceder. (choro, show, bira, escândalo, etc).
As crianças vão crescendo sem respeitar o que os adultos determinam. Não existem limites para as suas vontades e não lhes são impostas as responsabilidades por seus atos.


3. São mães que não toleram os filhos passar qualquer frustração. Não consegue ver o filhotinho passa uma vontade sequer, isto é, querer algo e não o tê-lo de imediato. Estes filhos serão consumistas. Eles têm de aprender a amar as pessoas e usar as coisas.

4. São mães que acham que é mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema. No que elas mais se empenham é em aliviar quaisquer possibilidades de sofrimento dos filhos. Isto será um problema, pois a realidade da vida não funciona assim. A adversidade contribui para o crescimento do caráter.

5. Mães que acham que para o filho a vida consite só em curtir. Toda a responsabilidade cabe aos pais, enquanto aos filhos só cabe receber tudo pronto. Filhos que não sabem o que é gratidão. Acham que tudo é a mais pura obrigação dos pais. Recebem tudo na mãos, ou melhor, na boquinha. Estes crescerão egoístas e cheios de gosto. Imaginam que ‘o mundo estará sempre aos seus pés’.


Será que você se enquadrou em alguma destas corujices nocivas? Será que não estamos correndo o risco de ser tentadas a proceder de alguma destas maneiras inconvenientes como Salomé?
Recordemos alguns destes erros de mãe coruja: Educação permissiva e tolerante, liberdade e poder total para fazer o que quiser, não tolerar frustrações, quando é mais importante aliviar o sofrimento do que resolver o problema e o que vale é se divertir, porque as responsabilidades são dos pais.

Até que ponto tem atingido a nossa corujice? Será que não precisaremos de algum ajuste nesta inclinação natural para que ela não se torne nociva aos nossos filhos?

Pv 29:15 “... a criança entregue a si mesma, virá envergonhar a sua MÃE”. Neste texto de evidente sabedoria, podemos ver claramente o resultado destes erros. Filhos orientados segundo a sua própria vontade serão um vergonha para a mãe. Esta é uma dura realidade para as mães corujas.

Caras mães, sejam mães, isto é, toda mãe tem um pouco de coruja, mas façam isto na medida certa.
Não vamos criar aberrações, vamos criar filhos para glória de Deus. Autogovernados e submissos a Sua vontade e que crescam no temor do Senhor.

E o nosso folclore?

O folclore enquanto manifestação da individualidade do nosso povo é muito rico e deve ser objeto da nossa atenção. Temos percebido um distan...