Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil

Aniversário da Independência do Brasil
Uma reflexão sobre os conceitos de independência e liberdade
Por Rubens Cartaxo

Em nosso país, toda escola deveria ter, pelo menos, uma vez por semana um momento destinado ao desenvolvimento do espírito cívico - o que geralmente conhecemos por "momento cívico semanal".
Art. 14. Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos dias de festa ou de luto nacional, em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos.

Parágrafo único. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o hasteamento solene da Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo menos uma vez por semana.  (Decreto de Lei 5700 de 1° set.  1971)


Na escola que dirigimos procuramos sempre cumprir esta determinação legal de desenvolver o espírito cívico na nossa comunidade escolar, através de pelo menos um encontro semanal para exposição dos símbolos nacionais através do hasteamento de bandeira e canto do hino. Todas as segundas-feiras, por muitos anos, nos reunimos no pátio interno ou na frente da escola, para este momento que é sempre bem aproveitado na valorização da nossa individualidade como nação e construção da nossa identidade.
Por ocasião do período próximo ao aniversário da independência - a chamada ‘semana da pátria’ ou o ‘sete de setembro’, - este momento se reveste de um sentido especial por ser a escola este espaço responsável de promover a divulgação da nossa história e identidade como povo. Cabe aqui, destacarmos em rápidas palavras, o que significa esta ‘independência’ a ser comemorada neste período do ano de modo a oferecer aos nossos alunos um significado que promova reflexão e aderência à realidade.
Para melhor entendermos o seu significado, é melhor começarmos com o que ela não é. Independência não é “não depender de nada e de ninguém”, e também, neste mesmo sentido, não significa fazer o que quiser a partir de um determinado momento de desligamento de outro.
Num contexto de governo, independência deve ter o significado de desligamento para um novo começo, uma nova ordem, reconhecida como autônoma por aquele que antes provia a direção. É o caso de quando duas pessoas decidem caminhar juntas em família. O homem e a mulher deixam os seus familiares para iniciarem uma nova família, também debaixo de uma ordem social e desfrutando agora de mesmos privilégios. Neste sentido, independência pressupõe uma ordem natural para o desenvolvimento da vida. Quando os filhotes de um animal já são crescidos, naturalmente eles são desmamados e passam por este momento de independência dos pais, para buscarem a sua própria vida. É uma ruptura natural para uma nova ordem. Na bíblia encontramos este fundamento de governo desde muito cedo no livro de Gênesis.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2:24
Um dia já fomos ‘um povo dependentes de Portugal’, a nação que nos absorveu em um momento da história, nos dando a sua língua, sua cultura, estruturação, sua proteção, etc, até que, buscamos por nossa independência, que naturalmente tenderia a acontecer. Nem sempre isto é desejado por quem tem o poder sobre outro, pois os sentimentos egoístas sempre divergem desta ideia de um desligamento autônomo e responsável, contudo este momento deve acontecer, para que o crescimento continue. Até certo ponto a dependência pode ser natural, mas, depois de um processo de amadurecimento, se torna imperativo que aconteça este desmame, principalmente quando o maior tende a explorar cada vez mais o menor.
Por aqui, fomos nos aproximando deste estado mediante várias tentativas, manifestações e aspirações de liberdade privada e pública, até que em 07 de setembro de 1822, o povo brasileiro, através dos seus representantes, declaram-se desligados do domínio do governo português para serem uma nação livre e soberana. Isto poderia ter consequências graves se não fosse logo reconhecida esta independência. Mas, para nosso proveito, isto aconteceu de maneira pacífica, diferentemente de outras nações, que tiveram de lutar e conquistar este direito com o sacrifício de sangue de muitas vidas.
Desde este dia até hoje, somos uma nação livre e independente. Uma nação onde os direitos individuais são respeitados, claro que não na sua perfeição, mas pelos menos de modo geral; muitos são os avanços neste sentido. Um país independente deve manter-se sobre o fundamento da liberdade individual equilibrada através da consciência das responsabilidades coletivas. Suas leis devem refletir isto. Sabemos que a responsabilidade coletiva somente é manifestada de forma legítima quando o homem volta-se para Deus, desta forma, é correto afirmar o que diz o escritor bíblico, “feliz a nação cujo Deus é o Senhor”(Sl. 33:12). Somente quando o homem teme a Deus ele torna-se sensível para com o seu próximo e isto é uma garantia que as liberdades individuais não serão regidas pelo egoísmo, mas sim pela compreensão e cooperação entre seus semelhantes.
Então, viva a liberdade, viva a independência! Ainda somos uma nação livre e soberana! Deus seja louvado por isto! Estes ventos de liberdade fluem do seu trono e sempre possuem o Seu aval.
Agora podemos entender melhor porque cantamos “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. A liberdade é uma grande preciosidade de uma nação e digna de luta até a morte. Deve ser mantida e defendida pelo seu povo a qualquer custo.

Semana da Pátria no Instituto Imago Dei_2008

Dia nacional de ações de graça - Thanksgiving numa versão tupiniquim

Você sabia? ... que no Brasil é Lei Federal o Dia Nacional de Ações de Graça?
Você sabia? ... que esta data já foi comemorada por aqui como feriado cívico-religioso?

Antes de qualquer julgamento, acho pertinente uma reflexão do que representa esta celebração tipicamente americana, mas de significado que extrapola os limites culturais e regionais, pois ancora-se no sentimento mais elevado em relação ao próximo e a Deus - a gratidão.

Pintura à oleo do PrimeiroThanksgiving - recorda o primeiro jantar de agradecimento de um grupo de peregrinos com nativos, em 1621, no qual se agradeceu a Deus pela abundância de colheitas no novo mundo.

O sentimento motor do Dia de Ações de Graça deve ser a "
gratidão". Quando não existe este sentimento de gratidão para com Deus (na vertical) muito dificilmente ele poderá brotar na horizontal (para com os homens). Vivemos em uma sociedade cada vez mais centrada em seus próprios desejos e vontades, alienada de Deus e da Sua graça que alcança a todos. Infelizmente, esta atmosfera de indiferença a Deus e ao próximo é insalubre para o sentimento da gratidão. No Brasil, ainda que esteja marcado em nosso calendário cultural e até exista um decreto federal (Lei 781) estabelecendo este dia, esta data é ainda muito pouco compreendida, divulgada e celebrada entre os nós brasileiros.
Creio que a nossa nação seria outra se vivêssemos debaixo deste sentimento de gratidão para com a graça divina que se expressa de modo mais sublime na manifestação de atitudes positivas em direção ao próximo. Interessante como as escolas brasileiras foram ávidas em importar uma celebração mística e insignificante, como o Halloween dos americanos, e tentam incorporar na nossa cultura de modo postiço, porém, nem de longe, existiu o mesmo empenho com o Thanksgiving, uma celebração rica de significado e de valores. (ver histórico em outra postagem)
Não será uma comemoração e mais um dia no calendário cultural de eventos do país que fará diferença, mas é sempre bem-vinda uma data oficial que nos faça lembrar desta virtude todos os anos. Afinal, gratidão não é virtude uma virtude exclusiva, é pra todos!
Vejamos algumas definições e textos bíblicos relacionados ao tema de modo a fundamentar biblicamente o nosso pensamento nesta direção.
  • Gratidão: 1. Uma emoção do coração, animada por um favor ou benefício recebido; um sentimento de bondade ou boa vontade para com um benfeitor; agradecimento. 2. A gratidão é uma emoção agradável, que consiste ou acompanha uma disposição de boa vontade para com um benfeitor, e uma inclinação para fazer um retorno adequado de benefícios ou serviços. Quando este retorno não puder ser feito,  é legítimo também o sentimento que brota do desejo de ver o benfeitor próspero e feliz. 3. A gratidão é uma virtude da mais alta excelência, já que implica em um sentimento que brota de um coração generoso e de um bom senso de dever para com o outro. O amor de Deus deve ser a mais sublime inspiração de gratidão.       [WEBSTER, 1828]
  • Ação: disposição para agir; atividade, energia, movimento; faculdade de agir, de se mover; modo de proceder; comportamento; efeito de alguém ou algo sobre outra pessoa ou coisa; influência.
  • Graça: favor que se dispensa ou recebe; mercê, dádiva; boa vontade para com (alguém); benevolência, estima; dom que Deus concede aos homens; favor ou benefício concedido por Deus;
"A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galiléia. Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância e gritaram em alta voz: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós! " Ao vê-los, ele disse: "Vão mostrar-se aos sacerdotes". Enquanto eles iam, foram purificados. Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano. Jesus perguntou: "Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove?" Lucas 17:11-17

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
1 Tessalonicenses 5:18

"Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações". Colossenses 3:15-16

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus". 2 Timóteo 3:1-4


Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
2 Timóteo 3:1-4
Como podemos ver nesta breve pesquisa, o sentimento de gratidão faz parte do culto, agrada a Deus, é encorajado, é um virtude da mais alta excelência, porém, é geralmente negligenciada, como podemos ver no primeiro texto. Aliás, este texto representa bem alma humana, que dificilmente reconhece a graça sobre a sua vida. Temos a tendência de achar que, depois de recebido o favor, não passou de mera obrigação o serviço do outro.
A gratidão nos vacina contra o orgulho, altivez, prepotência, soberba, individualismo. É o reconhecimento do "eu não mereço, mas ainda assim recebi" e por isto sou muito grato.

Ações de graça é o resultado de um coração grato. É uma dinâmica da graça, pois um coração grato gera mais favor para os outros e isto afeta as duas pessoas envolvidas, tanto que recebe quanto quem oferece. Ela abre portas, semeia a generosidade! Nos livra das inquietações da alma e deste sentimento de insaciedade, murmuração, egoísmo e inveja, bem presentes nos nossos dias.

O último texto bíblico, no alerta para o fato que nos últimos dias as pessoas seriam ingratas. Existiria uma grande insensibilidade para com o valor do outro. Isto é destruidor do que existe de mais elevado, enquanto homens que somos - é desumano. Ser grato nos faz mais dependentes um do outro, nos confere dignidade e sentimento de pertencimento.

Neste sentido ‘ações de graça’ significa uma disposição de manifestar gratidão pela graça (favor não merecido) de que foi alvo através de uma disposição de abençoar outros com graça também.
De modo prático, o Dia de Ações de Graça, é um dia para exercitarmos a gratidão. É dia perdoar dividas, de cobrar menos, de doar, de abençoar, de perdoar desafetos, de tocar a vida de outros com favor, de celebrar, de compartilhar a mesa com outros, de dividir, de dar presentes, de ser misericordioso, de fazer um pequeno agradecimento por escrito em um cartão, um breve 'post' em uma rede social, entre tantos outros gestos, que sem dúvidas, oxigenarão a nossa atmosfera e tornará a nossa vida mais arejada e cheia de graça.
É um dia para lembrar que a graça de Deus nos faz mais humanos e menos 'super homem' independentes e superpoderosos. É dia de lembrar das nossas fraquezas, limitações, condição e miséria e do grande favor e misericórdia de Deus que nos alcança muitas vezes através do outro, pois ainda valem as palavras do profeta quando diz

"Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; são novas a cada manhã, pois grande é a tua fidelidade". Lamentações 3:21-23


Celebração do Dia de Ações de Graça no Instituto Imago Dei - Parnamirim RN (2013)
Assim, saia por aí, não somente neste dia, mas em todos os dias, semeando 'ações de graça' por onde passar. Troque olhares gentis, agradeça os pequenos favores, cumprimente o porteiro, seja grato pelo serviço da atendente, seja compreensivo com os erros dos outros, seja gente, seja gracioso.
Comemore também com a sua família. Reúna-se em família e entre amigos e conte as bênçãos ... e "ficarás surpreso de ver o quanto Deus já fez". (Hino 63)

Ver também: http://editoraimagodei.blogspot.com/2015/11/gratidao-forca-motriz-da-graca-para-com.html

Para saber mais:
http://www.acaodegracas.com.br   -  participe pelo movimento do Dia de Ações de Graça no Brasil.

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L781.htm
Lei Federal que estabelece a quarta quinta-feira de novembro como Dia Nacional de Ações de Graça


https://youtu.be/gbacr52_h4M   - Video histórico (Cerimônia do Dia Nacional de Ação de Graças, realizada em 1976 na sede do Banco Bradesco, na Cidade de Deus /Osasco/SP.

Direto ao ponto


Educação é um assunto nada simples, porém no seu embrião, na sua nascente, temos claramente dois caminhos muito distintos a seguir.

Grosso modo
[1] é uma locução adverbial latina que significa literalmente “de modo superficial ou genérico”, ou ainda “sem entrar em pormenores, sendo bem direto e simples”.

Pensar educação numa perspectiva judaico cristã, neste ‘grosso modo’ é pensar no mundo de Deus, onde ele é criador, senhor e dono. E isto muda completamente a nossa maneira de ver a vida, pois agora eu tenho responsabilidades objetivas e externas a minha vontade. Isto significa que tenho agora a quem prestar contas e, saber a Sua vontade e propósito é o que mais desejo, ao lidar com o Seu mundo mesmo que feito para nós e para as próximas gerações.


É pensar que o mundo tem um criador que o idealizou e o planejou de modo esplendidamente inteligente. E isto pressupõe ordem, beleza, regularidade, leis e lógica que pode ser percebida por nossa inteligência. É ter a certeza que podemos buscar coerência e lógica, pois ela existe. É compreender que não somos um mero resultado do acaso, que existe um propósito para todos os seres criados e para a vida.

É pensar que aprendemos, conhecemos e nos desenvolvemos muito além da 'razão' dos gregos que viam o indivíduo apenas como corpo e mente. Conhecemos e nos desenvolvemos quando contemplamos as obras de Deus em reverente adoração, quando o louvamos e nos alegramos pelos seus feitos em favor do homem, aprendemos pela intuição, aprendemos quando somos inspirados, quando nos deleitamos em descobrir a verdade, aprendemos nos relacionamentos, na oração e na revelação no espírito e através das escrituras. Isto sem dúvidas afetará todo o processo de ensino e aprendizagem, e assim metodologias e currículos não poderão ser os mesmos, pois o ser humano, nesta perspectiva, é muito mais do que corpo e mente, é alma, é consciência, é primariamente um ser espiritual.

É pensar nos horríveis danos que o pecado causou a humanidade e ao mundo natural. É compreender que o mundo perfeito foi danificado e continua sendo atingido em todos os momentos por seus efeitos nefastos. É compreender que a natureza humana tende a degradação e que carrega uma culpa que somente pode ser expiada em Deus e na obra do seu filho. Isto afeta as nossas mais otimistas pretensões de contar com a bondade humana para resolver os seus próprios problemas. De fortalecer a vontade (autonomia) das nossas crianças sem, contudo, lhe restringir as inclinações pelo engano, pelo erro e pelo mal.

É pensar que toda a educação precisa apontar para a redenção. Toda a criança necessita ser apresentada ao seu salvador. De lhe ser dado o passaporte para o Reino e de lhe contar a maior das histórias. É contar a sua história toda, desde a eternidade e o grande plano da sua redenção que vem sendo executado.

E pensando assim, não faz nenhum sentido achar que podemos educar a próxima geração do mesmo modo como é concebida numa visão greco-romana e não cristã de mundo. Quem pensa com uma mente cristã a educação não poderá fazê-la de outro modo senão comprometer-se com as suas implicações práticas, pois fé sem obras não produz vida.

Rubens Cartaxo


[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Grosso_modo

Mau comportamento é um problema sério para a educação no Brasil

Mau comportamento dos alunos é maior no Brasil, diz estudo: Segundo pesquisa da OCDE, professores brasileiros são os que mais relatam perder tempo da aula tentando manter ordem na classe.

A média brasileira é bem maior que a mundial, que ficou em 13%. Por aqui, o ensino e as atividades em si ocupam apenas 67% do tempo da aula, enquanto no resto do mundo a média ficou em 79%. A pesquisa, feita em 2013, consultou professores de 34 países. Na edição de 2008, os educadores brasileiros haviam relatado gastar menos tempo mantendo a classe em ordem: 18% da aula.

O mau comportamento é particularmente problemático no Brasil, segundo o estudo. Aqui, metade dos professores afirma perder tempo com alunos interrompendo as explicações e 55% afirmam ter muito barulho na sala de aula, categorias em que o país é campeão. Além disto, 53% dizem que têm que esperar muito tempo até os alunos se sentarem.

Recentemente o Ministério da Educação lançou uma campanha que incentiva o RESPEITO AO PROFESSOR. Acho que já é hora de acordar para o espírito de rebelião, licenciosidade e desrespeito a qualquer figura de autoridade que foi semeado na seara educacional brasileira.

Fonte da notícia: Revista Educação e Sintepe

 

Precisamos semear novas sementes, lançar novos fundamentos de governo, ensinar o princípio muito simples da 'honra ao teu pai e a tua mãe '(dos Dez Mandamentos). Coisas básicas mas que fazem toda a diferença.

A filosofia que encontramos na sala de aula numa geração, será a filosofia de governo na próxima geração”.


"The philosophy of the school room in one generation will be the philosophy of government in the next." — Abraham Lincoln [1809-65] ( http://www.working-minds.com/educn.htm , acesso em 20/04/2015).
 



Recomendações aos professores de D. Pedro II

D. Pedro II Veja as determinações do Marques de Itanhaém* para a educação do Príncipe Imperial Dom Pedro. Muito ainda valeria aos educadores brasileiros observarem estas recomendações.

“Instruções para serem observadas pelos Mestres do Imperador em sua Educação Literária e Moral” (J. M. M. F., 1927, p.714-715).

Artigo 1
Conhece-te a ti mesmo. Esta máxima... Servirá de base ao sistema de educação do Imperador, e uma base da qual os Mestres deverão tirar precisamente todos os corolários que formem um corpo completo de doutrinas, cujo estudo, possa dar ao Imperador ideias exatas de todas as coisas, a fim de que Ele, discernindo sempre do falso o verdadeiro, venha em último resultado a compreender bem o que é a dignidade da espécie humana, ante a qual o Monarca é sempre homem, sem diferença natural de qualquer outro indivíduo humano, posto que sua categoria civil o eleve acima de todas as condições sociais.

Artigo 2
Em seguimento, os Mestres, apresentando ao Seu Augusto Discípulo este planeta que se chama terra, onde nasce, vive e morre o homem, lhe irão indicando ao mesmo tempo as relações que existem entre a humanidade e a natureza em geral, para que o Imperador, conhecendo perfeitamente a força da natureza social, venha a sentir, sem o querer mesmo, aquela necessidade absoluta de ser um Monarca bom, sábio e justo, fazendo-se garbo de ser o amigo fiel dos Representantes da Nação e o companheiro de todas as influências e homens de bem do País.

Artigo 3
Farão igualmente os Mestres ver ao Imperador que a tirania, a violência da espada e o derramamento de sangue nunca fizeram bem a pessoa alguma...

Artigo 4
Aqui deverão os Mestres se desvelar para mostrarem ao Imperador palpavelmente o acordo e harmonia da Religião com a Política, e de ambas com todas as ciências; porquanto, se a física estabelece a famosa lei da resistência na impenetrabilidade dos corpos, é verdade também que a moral funda ao mesmo tempo a tolerância e o mútuo perdão das injúrias, defeitos e erros; essa tolerância ou mútuo perdão, sobre revelar a perfeição do Cristianismo, revela também os quilates das almas boas nas relações de civilidade entre todos os povos, seja qual for sua religião e a forma do seu governo...

Artigo 5
Lembrem-se, pois os Mestres que o Imperador é homem; e partindo sempre dessa idéia fixa, tratem de lhe dar conhecimentos exatos e reais das coisas, sem gastarem o tempo com palavras e palavrões que ostentam uma erudição estéril e prejudicial, pois de outra forma virá o seu discípulo a cair no vicio que o Nosso Divino Redentor tanto combateu no Evangelho, quando clamava contra os doutores que invertiam e desfiguravam a lei, enganando as viúvas e aos homens ignorantes com discursos compridos e longas orações, e se impondo de sábios, embora sendo apenas uns pedantes faladores.

Artigo 6
Em consequência os Mestres não façam o Imperador decorar um montão de palavras ou um dicionário de vocábulos sem significação, porque a educação literária não consiste decerto nas regras da gramática nem na arte de saber por meio das letras; em consequência os Mestres devem limitar-se a fazer com que o Imperador conheça perfeitamente cada objeto de qualquer ideia enunciada na pronunciação de cada vocábulo...

Artigo 7
Julgo, portanto inútil dizer que as preliminares de qualquer ciência devem conter-se em muito poucas regras, assim como as evidencias e doutrinas gerais. Os Mestres não gastem o tempo com teses nem mortifiquem a memória do seu discípulo com sentenças abstratas; mas descendo logo às hipóteses, classifiquem as coisas e ideias, de maneira que o Imperador, sem abraçar nunca a nuvem por sonho, compreenda bem que o pão é pão e o queijo é queijo.
Assim, por exemplo, tratando das virtudes e vícios, o Mestre de Ciências Morais deverá classificar todas as ações filhas da soberba distinguindo-as sempre de todas as ações opostas que são filhas da humildade. E não basta ensinar ao Imperador que o homem não deve ser soberbo, mas é preciso indicar-lhe cada ação, onda exista a soberba, pois se assim não o fizer, bem pode acontecer que o Monarca venha para o futuro a praticar muitos atos de arrogância e altivez, supondo mesmo que tenha feito ações meritórias e dignas de louvor, e isto por não ter, em tempo, sabido conhecer a diferença entre a soberba e a humildade.

Artigo 8
Da mesma sorte, tratando-se das potências e das forças delas, o Mestre de ciências físicas fará uma resenha de todos os corpos computando os grãos de força que tem cada um deles, para que venha o Imperador a compreender que o poder monárquico se limita ao estudo e observância das leis da Natureza... e que o Monarca é sempre homem e um homem tão sujeito, que nada pode contra as leis da Natureza feitas por Deus em todos os corpos, e em todos os espíritos.

Artigo 9
Em seguimento ensinarão os Mestres ao Imperador que todos os deveres do Monarca se reduzem a sempre animar a Indústria, a Agricultura, o Comércio, as Artes e a Educação; e que tudo isto só se pode conseguir estudando o mesmo Imperador, de dia e de noite, as ciências todas, das quais o primeiro e principal objeto é sempre o corpo e a alma do homem; vindo, portanto a achar-se a Política e a Religião no amor dos homens. E o amor dos homens é que é o fim de todas as ciências; pois sem elas, em vez de promoverem a existência feliz da humanidade, ao contrário promovem a morte.

Artigo 10
Entendam-me, porém os Mestres do Imperador. Eu quero que o meu Augusto Pupilo seja um sábio consumado e profundamente versado em todas as ciências e artes e até mesmo nos ofícios mecânicos, para que ele saiba amar o trabalho como principio de todas as virtudes, e saiba igualmente honrar os homens laboriosos e úteis ao Estado. Mas não quererei decerto que Ele se faça um literato supersticioso para não gastar o tempo em discussões teológicas como o Imperador Justiniano; nem que seja um político frenético para não prodigalizar o dinheiro e o sangue dos brasileiros em conquistas e guerras e construção de edifícios de luxo, como fazia Luís XIV na França, todo absorvido nas ideias de grandeza; pois bem pode ser um grande Monarca o Senhor D. Pedro II sendo justo, sábio, honrado e virtuoso e amante da felicidade de seus súditos, sem ter precisão alguma de vexar os povos com tiranias e violentas extorsões de dinheiro e sangue.

Artigo 11
Sobretudo, recomendo muito aos Mestres do Imperador, hajam de observar quanto Ele é talentoso e dócil de gênio e de muita boa índole. Assim não custa nada encaminhar-lhe o entendimento sempre para o bem e verdade, uma vez que os Mestres em suas classes respectivas tenham, com efeito, idéias exatas da verdade e do bem, para que as possam transmitir e inspirar ao seu Augusto Discípulo.
Eu não cessarei de repetir aos Mestres que não olhem para os livros das Escolas, mas tão somente para o livro da Natureza, corpo e alma do homem; porque fora disto só pode haver ciência de papagaio ou de menino de escola, mas não verdade nem conhecimento exato das coisas, dos homens, e de Deus.

Artigo 12
Finalmente, não deixarão os Mestres do Imperador de lhe repetir todos os dias que um Monarca, toda a vez que não cuida seriamente dos deveres do trono, vem sempre a ser vitima dos erros, caprichos e iniquidades dos seus ministros, cujos erros, caprichos e iniquidades são sempre a origem das revoluções e guerras civis; e então paga o justo pelos pecadores, e o Monarca é que padece, enquanto que seus ministros sempre ficam rindo-se e cheios de dinheiro e de toda sorte de comodidades. Por isso cumpre absolutamente ao Monarca ler com atenção todos os jornais e periódicos da Corte e das Províncias e, além disto, receber com atenção todas as queixas e representações que qualquer pessoa lhe fizer contra os ministros de Estado, pois só tendo conhecimento da vida pública e privada de cada um dos seus ministros e Agentes é que cuidará da Nação.


Eu cuido que não é necessário desenvolver mais amplamente estas Instruções na certeza de que cada um dos Mestres do Imperador lhe adicionará tudo quanto lhe ditarem as circunstâncias à proporção das doutrinas que no momento ensinarem.
“E confio, grandemente na sabedoria e prudência do Muito Respeitável Senhor Padre Mestre Frei Pedro de Santa Mariana, que devendo ele presidir sempre a todos os atos letivos de Imperador como seu Primeiro Preceptor, seja o encarregado de pôr em prática estas Instruções, uniformizando o sistema da educação do Senhor Dom Pedro II, de acordo com todos os outros Mestres do Mesmo Augusto Senhor”.

Paço da Boa Vista no Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 1838.

Marquês de Itanhaém*
Tutor da Família Imperial (J. M. M. F., 1927, p.714-715).



*Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, Marquês de Itanhaém, que era senador do Império do Brasil (1844 a 1867), foi nomeado como “tutor” da Família Imperial Brasileira, tendo sido o responsável pela educação do Príncipe Dom Pedro desde o início de sua adolescência, em substituição a José Bonifácio.

Referência Bibliográfica
J. M. M. F. Dom Pedro II – notas próprias e alheias para uma biographia que não chegou a ser escripta. Jornal do Commércio de 02 de dezembro de 1925. Revista do Instituto Histórico de Geographico Brasileiro. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, t. 98, v. 152, p. 696-785, 1927.

E o nosso folclore?

O folclore enquanto manifestação da individualidade do nosso povo é muito rico e deve ser objeto da nossa atenção. Temos percebido um distan...