Edificai


Edificai
mas não para um dia
usai paciente e sábia engenharia
estruturação não fugidia
a fim de que nos anos futuros
os filhos dos teus filhos já maduros
o edifício contemplem e digam
com orgulho, com honra e com amor
pedras que nossos pais assentaram
edifício que edificaram
colunas do Senhor

John Dresch

Mãe Coruja: os dois lados da "corujice" materna

Por Daniella Cartaxo 

Já ouviu esta expressão? Alguém já lhe atribuiu este título?
Que sentimento é este? Como administrá-lo com equilíbrio? Será que ele é de todo saudável?

Toda mãe tem um pouco disto, claro. Basta que nos olhemos no espelho! Então, está na hora de descobrirmos mais sobre a 'corujice' materna. Comecemos descobrindo a sua origem e de onde surgiu esta metáfora. Vejamos qual seria o motivo desta associação das mães com as aves corujas:

A Coruja e a Águia
(Fábula de Esopo - Fabulista grego do século V a.C.)

A coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
-Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
-Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
-Neste caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave. Já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três mostrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.
- Que? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

Moral da história: Quem o feio ama, bonito lhe parece.



É certo que toda mãe carrega um certo grau de corujice. Olhe para você! Quantas vezes você já não se pegou fazendo um corujice? Amor abnegado, amor sacrificial. Cuidado e proteção, e um forte sentimento de exclusividade em relação aos seus filhos. Tudo isto até certo ponto é normal e uma bela expressão do sentimento materno. Podemos ter muitos exemplos disto.

Mas, existe o lado perigoso da corujice. Na bíblia encontramos um relato disto. Nos capítulos 18 e 19 de Mateus, Jesus já vinha ensinando acerca da verdadeira grandeza. Em cada trecho destes capítulos o recado parece ser um só: grandeza, fama, nome e dinheiro, nada disto tem valor para Jesus, nada disto o impressiona. Em um momento Jesus ainda diz claramente: Os últimos serão os primeiros e os que desejam ser os primeiros serão os últimos. Mal terminou Jesus de falar, veja o que aconteceu. Apareceu Salomé, a Senhora Zebedeu, acompanhada de seus dois filhos, Tiago e João. Ajoelhando-se diante do filho de Deus, pediu um favor muito ‘singelo’:- Senhor, manda que no teu reino, estes meus dois filhos, se assentem um a tua direita e outro a tua esquerda. (Mt 20:21)

É natural e até bem materno e humano sentimentos dirigidos a preocupações com o futuro, com posição ou grandeza que nutrem as mães para com os filhos. Talvez não seja lá muito natural uma mãe, depois de um sermão sobre isto, tenha tido a ‘coragem’ de fazer um pedido desses a Jesus. Mas foi por amor aos filhos! Pode dizer alguém. Mas, ainda assim, foi um erro.

Vejamos alguns destes erros, que podemos até dizer que são ‘erros de amor’ de mãe, ou melhor, erros de corujices e mimos exagerados que mais atrapalham o crescimento saudável do que fortalecem os filhos para um caráter virtuoso.

1. Mãe coruja é sempre tentada a dar uma educação permissiva e tolerante as suas crias. Querem livrá-los de qualquer dificuldade e impedimento. Elas são mães ‘super’e até hipersolícitas e deixam as crianças fazerem o que tiverem vontade de fazer. Toleram e relevam os seus erros e colocam-nas sempre em primeiro lugar em toda situação. Não lhes estabelecem limites para as suas ações. São gestos de afeto, mas inadequados e com excessos de mimos.
Muitas por passarem boa parte do dia ausentes, na volta para casa querem agradar as crianças a todo custo e não põe limites tão necessários a uma educação saudável. Outras tiveram uma infância dura e sofrida e não querem permitir que aconteça o mesmo aos seus filhos.
Aqui deve-se observar o que se pode relevar e o que é inegociável. Tudo que vai de encontro a lei moral de Deus será inegociável.

2. Quando a corujice encobre(enfraquece) a autoridade que precisa ter. Elas dão ao filho o poder total para fazerem o que quiserem. Quando a mãe que ser a amigona do filho e levar a família sem referencial de autoridade.  A corujice é tanta que não possibilita o filho reconhecer a autoridade que está sobre a mãe. Ele acaba sempre vencendo e conseguindo o que quer com esta mãe ‘quase bobona’. Dependendo da idade os filhos vão ficando mestres em descobrir o que a desestabiliza e o que a faz ceder. (choro, show, bira, escândalo, etc).
As crianças vão crescendo sem respeitar o que os adultos determinam. Não existem limites para as suas vontades e não lhes são impostas as responsabilidades por seus atos.


3. São mães que não toleram os filhos passar qualquer frustração. Não consegue ver o filhotinho passa uma vontade sequer, isto é, querer algo e não o tê-lo de imediato. Estes filhos serão consumistas. Eles têm de aprender a amar as pessoas e usar as coisas.

4. São mães que acham que é mais importante o alívio do sofrimento do que a resolução do problema. No que elas mais se empenham é em aliviar quaisquer possibilidades de sofrimento dos filhos. Isto será um problema, pois a realidade da vida não funciona assim. A adversidade contribui para o crescimento do caráter.

5. Mães que acham que para o filho a vida consite só em curtir. Toda a responsabilidade cabe aos pais, enquanto aos filhos só cabe receber tudo pronto. Filhos que não sabem o que é gratidão. Acham que tudo é a mais pura obrigação dos pais. Recebem tudo na mãos, ou melhor, na boquinha. Estes crescerão egoístas e cheios de gosto. Imaginam que ‘o mundo estará sempre aos seus pés’.


Será que você se enquadrou em alguma destas corujices nocivas? Será que não estamos correndo o risco de ser tentadas a proceder de alguma destas maneiras inconvenientes como Salomé?
Recordemos alguns destes erros de mãe coruja: Educação permissiva e tolerante, liberdade e poder total para fazer o que quiser, não tolerar frustrações, quando é mais importante aliviar o sofrimento do que resolver o problema e o que vale é se divertir, porque as responsabilidades são dos pais.

Até que ponto tem atingido a nossa corujice? Será que não precisaremos de algum ajuste nesta inclinação natural para que ela não se torne nociva aos nossos filhos?

Pv 29:15 “... a criança entregue a si mesma, virá envergonhar a sua MÃE”. Neste texto de evidente sabedoria, podemos ver claramente o resultado destes erros. Filhos orientados segundo a sua própria vontade serão um vergonha para a mãe. Esta é uma dura realidade para as mães corujas.

Caras mães, sejam mães, isto é, toda mãe tem um pouco de coruja, mas façam isto na medida certa.
Não vamos criar aberrações, vamos criar filhos para glória de Deus. Autogovernados e submissos a Sua vontade e que crescam no temor do Senhor.

O que faz a escola cristã: Transformar ou Formar?

Por Rubens Cartaxo[1]

Estas são palavras muito comuns no contexto educacional. A primeira é sempre muito almejada como o propósito final para a educação, pelo menos como é geralmente prescrito na maioria dos documentos de planejamento de ensino dos sistemas educacionais e das escolas. Cabe a pergunta: Transformar o quê? Qual a forma que se deseja chegar? De antemão, já podemos perceber que, com base no paradigma atual, fica muito difícil se estabelecer uma resposta segura para estas perguntas, pois, nesta base atual, não temos referenciais claros e muito menos uma verdade a ser buscada.
Mas, deixando estas considerações ideológicas de lado, percebemos que ambos os verbos carregam a palavra ‘formar’. O que estamos formando? ou enformando? (no sentido de dar forma, assim como se coloca a massa de um bolo ainda líquida em uma fôrma[2] para assar e quando assado, este toma forma da vasilha).
Dizemos que a escola forma cidadãos. Falamos que vamos a uma ‘formatura’ e até dizemos que vamos nos ‘formar’ em alguma profissão no final de um curso. Qual a ‘fôrma’ foi usada no neste processo de formação(no sentido de currículo)? Ou ainda, que forma estamos assumindo (estamos ficando parecidos com o quê)? No que estamos nos transformando?
Para ampliarmos nossa reflexão, vamos definir algumas destas palavras envolvidas e iluminá-las com algumas porções da Palavra de modo a construirmos uma ideia guia capaz de nos conduzir melhor pela busca de uma autêntica transformação ao longo do processo educacional. Afinal, precisamos verificar de perto em qual destes dois processos a escola cristã deverá estar mais comprometida, se em apenas formar ou se é capaz de fato transformar.

Forma: lat. forma,ae 'aparência, semelhança, imagem, fôrma etc.' configuração, feição, feitio, figura, formato; ver tb. sinonímia de aspecto. configuração física característica dos seres e das coisas, como decorrência da estruturação das suas partes; formato, feitio. 3 a aparência física de um ser ou de uma coisa
Fôrma: peça oca em que se põe uma substância fluida que, ao endurecer, adquire o formato dessa peça; molde; recipiente côncavo que se usa para dar forma a preparações culinárias. Exs.: f. de bolo; f. de pudim, f. de queijo. 3 molde de madeira semelhante ao pé, usado na fabricação de calçados.  (HOUAISS, 2009)
Transformação: lat. transformatìo,ónis 'transformação, metamorfose'. ato ou efeito de transformar(-se).
Transformar: 1. Para mudar a forma de; mudar a forma ou aparência; metamorfosear; como uma lagarta transformada em uma borboleta.
2. Para mudar de uma substância para outra; para transmutar. Os alquimistas procuraram transformar o chumbo em ouro.
3. Na teologia, mudar a disposição natural e o temperamento do homem de um estado de inimizade para com Deus e sua lei, na imagem de Deus, ou em uma disposição e temperamento conforme(sujeito) à vontade de Deus. Seja transformado pela renovação de sua mente. Romanos 12: 2.  (WEBSTER, 1828)

“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2)
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. (2 Coríntios 3:18)
“(...) até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”. (Efésios 4:13-15)
“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. (Colossenses 2:8)

Podemos perceber que transformar aponta para uma força localizada no interior e que de dentro para fora gera a sua aparência exterior ou neste contexto, a sua nova forma. Ao contrário, a palavra conformar denota uma ação mais passiva de onde uma força externa é que determina esta formatação.

Aplicando estas duas ideias ao contexto educacional, percebemos que uma proposta transformadora precisa começar com o coração. Precisa acontecer mudanças no interior que gere uma força de dentro para fora capaz de forçar e deslocar as estruturas já postas. Numa perspectiva cristã é o que chamamos de renovação de mente. A maneira de pensar é renovada pelo alinhamento do pensar pela revelação da Palavra e da ação do Espírito no coração do homem.

Formar(ou enformar) tem a conotação de uma pressão exercida de fora para dentro. Uma maneira de pensar e entender a vida da sociedade é que faz esta pressão e forma(ou modela) a mentalidade dos seus futuros cidadãos. Não só a escola, mas também a mídia, as diversas instituições, entre elas também a família, contribuem para esta somatória de forças externas que resultam nesta formação (daquilo que é aparente ou manifesto).

Nesta perspectiva, a educação cristã é alicerçada num processo que chamamos de transformação. Para sairmos de um lugar e chegarmos a outro faz-se necessário o exercício de uma força. Para deixarmos uma forma e assumirmos outra, igualmente faz-se necessária a atuação de forças. Duas questões nos são apresentadas para compreendermos melhor este processo: de onde mobilizaremos esta força e em qual sentido ele atuará. A resposta a estas duas perguntas mostrará a diferença entre ‘formação’ e ‘transformação’.

O primeiro passo é entendermos que o ser humano precisa ser moldado. Ele não pode ser entregue a si mesmo, pois se deixado sem cuidados, logo se transformará em um ser obtuso e rude. A inclinação natural do coração humano é má. A força para esta modelagem não pode ser aplicada de fora para dentro, pois não seria eficaz em formar um homem completo. Poderá, no máximo, oferecer uma aparência agradável, uma pessoa educada e capacitada para o exercício de uma função, mas no uso se mostrará fraca no caráter e na sua força interior para a virtude.

Uma transformação de fato precisa vir do interior, pois ela não se baseia nos valores reinantes do presente século, pois o oxigênio que a mantêm (ou deveria manter) viva vem do Reino de Deus e está para além de qualquer que seja o sistema econômico, político e de governo.
Jehle afirma que “a prioridade da nossa transformação é o nosso ser mais íntimo, o espírito, e então para fora, por meio do corpo. É no nosso espírito onde tudo começa” (JEHLE, 2015. Pág. 135).

A educação cristã é orientada ao interior, a mudar o coração que é a sede do espírito/alma humano. Com a mente transformada, a maneira de pensar é transformada e tem-se então, atitudes transformadoras e ações de transformação e não de conformação. É como se colocássemos a cabeça para fora de um ambiente poluído e respirássemos um ar novo e puro que nos traz vida.
Somente esta força interior é capaz de gerar possibilidades de mudanças reais e experimentarmos transformação na direção do mais elevado e mais virtuoso, que abençoa e dignifica em mais alto grau a ‘humanidade’ do homem. Do contrário, de modo passivo e sem mudanças no interior (no coração) o que nos resta é esperar que o meio (a cultura local, a mídia, os costumes, a condição econômica e social, a religião, etc) modele a forma de pensar e reproduza com esta fôrma externa muitos outros indivíduos réplicas fiéis, sem nenhuma possibilidade de mudança considerável, apenas manutenção ou degradação do estado atual para pior.

A abordagem educacional por princípios é uma abordagem reflexiva e que busca prioritariamente orientar o aprendizado sempre iniciando pela reflexão da causa para o efeito, raciocinando a partir de princípios, de modo a permitir a renovação da mente para compreensão, seja de conceitos, fatos, leis, sistemas, arranjos e processos de modo a aplica-los e (re)significa-los a medida em que são aplicados ao contexto trazendo compreensão, competências, soluções e realizações significativas e transformadoras da realidade que, geralmente tende a degeneração pelos efeitos da queda.

Assim, temos uma recomendação muito clara e que responde muito bem as indagações iniciais: formar ou transformar? O que vamos transformar? Como se dará uma transformação autêntica?
Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2 (NVI)
E também temos um referencial bem objetivo a ser alcançado com a transformação, “a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”, que é sermos segundo a imagem do Seu filho, que poderá ser experimentada mediante este processo de transformação pela renovação da mente.
“A quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo” e ainda: “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. (Cl 1:28 / 2:3)
Somente com a ação do Espírito Santo numa mente restaurada pode ser capaz de suplantar o status quo e fazê-la pensar e agir para além do paradigma proposto, esta ‘linha de montagem’ já pré-determinada do presente século, e de outros falsos mundos que ainda surgirão. Somente uma mente renovada, oxigenada pelo Espírito Santo e vivificada através da comunhão com o Pai de todo o conhecimento e sabedoria é capaz de transformar as estruturas de impiedade pré-estabelecidas nos dias atuais. Cremos nisto!!


JEHLE, Paul. Ensino e Aprendizagem: uma abordagem filosófica cristã. Belo Horizonte: Aecep, 2015.
HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Objetiva, 2009. (versão digital)
WEBSTER, Noah. Dictionary. Americal Dictionary of the English Language. Webster's Dictionary 1828 - Online Edition. Acesso em 22/01/2018. http://webstersdictionary1828.com/




[1] Rubens Cartaxo é pedagogo e fundou e dirigiu, ao lado de sua esposa, uma escola cristã baseada na Abordagem Educacional por Princípios em Parnamirim (RN), por 21 anos. Hoje ele atua desenvolvendo currículos e aprimorando aplicações metodológicas que garantam a aprendizagem, desenvolva um caráter virtuoso e cultive o ‘temor do Senhor’ na próxima geração. (www.editoraimagodei.com)
[2] O novo Acordo Ortográfico estabeleceu que é permitido usar, opcionalmente, o acento diferencial no substantivo “fôrma” (uma ‘fôrma’ de pão, de bolo), para diferenciá-lo do substantivo ‘forma’ (em forma de dizer, forma de pensar ou fora de forma, bela forma, etc). Assim, pode-se dizer, por exemplo: “Comprei uma fôrma de bolo lindinha, com forma de estrela.” Dicionário e Gramática.com - Acesso em 20/01/2018. <https://dicionarioegramatica.com.br/tag/forma-ou-forma/>

Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil

Aniversário da Independência do Brasil
Uma reflexão sobre os conceitos de independência e liberdade
Por Rubens Cartaxo

Em nosso país, toda escola deveria ter, pelo menos, uma vez por semana um momento destinado ao desenvolvimento do espírito cívico - o que geralmente conhecemos por "momento cívico semanal".
Art. 14. Hasteia-se, obrigatoriamente, a Bandeira Nacional, nos dias de festa ou de luto nacional, em todas as repartições públicas, nos estabelecimentos de ensino e sindicatos.

Parágrafo único. Nas escolas públicas ou particulares, é obrigatório o hasteamento solene da Bandeira Nacional, durante o ano letivo, pelo menos uma vez por semana.  (Decreto de Lei 5700 de 1° set.  1971)


Na escola que dirigimos procuramos sempre cumprir esta determinação legal de desenvolver o espírito cívico na nossa comunidade escolar, através de pelo menos um encontro semanal para exposição dos símbolos nacionais através do hasteamento de bandeira e canto do hino. Todas as segundas-feiras, por muitos anos, nos reunimos no pátio interno ou na frente da escola, para este momento que é sempre bem aproveitado na valorização da nossa individualidade como nação e construção da nossa identidade.
Por ocasião do período próximo ao aniversário da independência - a chamada ‘semana da pátria’ ou o ‘sete de setembro’, - este momento se reveste de um sentido especial por ser a escola este espaço responsável de promover a divulgação da nossa história e identidade como povo. Cabe aqui, destacarmos em rápidas palavras, o que significa esta ‘independência’ a ser comemorada neste período do ano de modo a oferecer aos nossos alunos um significado que promova reflexão e aderência à realidade.
Para melhor entendermos o seu significado, é melhor começarmos com o que ela não é. Independência não é “não depender de nada e de ninguém”, e também, neste mesmo sentido, não significa fazer o que quiser a partir de um determinado momento de desligamento de outro.
Num contexto de governo, independência deve ter o significado de desligamento para um novo começo, uma nova ordem, reconhecida como autônoma por aquele que antes provia a direção. É o caso de quando duas pessoas decidem caminhar juntas em família. O homem e a mulher deixam os seus familiares para iniciarem uma nova família, também debaixo de uma ordem social e desfrutando agora de mesmos privilégios. Neste sentido, independência pressupõe uma ordem natural para o desenvolvimento da vida. Quando os filhotes de um animal já são crescidos, naturalmente eles são desmamados e passam por este momento de independência dos pais, para buscarem a sua própria vida. É uma ruptura natural para uma nova ordem. Na bíblia encontramos este fundamento de governo desde muito cedo no livro de Gênesis.
Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. Gênesis 2:24
Um dia já fomos ‘um povo dependentes de Portugal’, a nação que nos absorveu em um momento da história, nos dando a sua língua, sua cultura, estruturação, sua proteção, etc, até que, buscamos por nossa independência, que naturalmente tenderia a acontecer. Nem sempre isto é desejado por quem tem o poder sobre outro, pois os sentimentos egoístas sempre divergem desta ideia de um desligamento autônomo e responsável, contudo este momento deve acontecer, para que o crescimento continue. Até certo ponto a dependência pode ser natural, mas, depois de um processo de amadurecimento, se torna imperativo que aconteça este desmame, principalmente quando o maior tende a explorar cada vez mais o menor.
Por aqui, fomos nos aproximando deste estado mediante várias tentativas, manifestações e aspirações de liberdade privada e pública, até que em 07 de setembro de 1822, o povo brasileiro, através dos seus representantes, declaram-se desligados do domínio do governo português para serem uma nação livre e soberana. Isto poderia ter consequências graves se não fosse logo reconhecida esta independência. Mas, para nosso proveito, isto aconteceu de maneira pacífica, diferentemente de outras nações, que tiveram de lutar e conquistar este direito com o sacrifício de sangue de muitas vidas.
Desde este dia até hoje, somos uma nação livre e independente. Uma nação onde os direitos individuais são respeitados, claro que não na sua perfeição, mas pelos menos de modo geral; muitos são os avanços neste sentido. Um país independente deve manter-se sobre o fundamento da liberdade individual equilibrada através da consciência das responsabilidades coletivas. Suas leis devem refletir isto. Sabemos que a responsabilidade coletiva somente é manifestada de forma legítima quando o homem volta-se para Deus, desta forma, é correto afirmar o que diz o escritor bíblico, “feliz a nação cujo Deus é o Senhor”(Sl. 33:12). Somente quando o homem teme a Deus ele torna-se sensível para com o seu próximo e isto é uma garantia que as liberdades individuais não serão regidas pelo egoísmo, mas sim pela compreensão e cooperação entre seus semelhantes.
Então, viva a liberdade, viva a independência! Ainda somos uma nação livre e soberana! Deus seja louvado por isto! Estes ventos de liberdade fluem do seu trono e sempre possuem o Seu aval.
Agora podemos entender melhor porque cantamos “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”. A liberdade é uma grande preciosidade de uma nação e digna de luta até a morte. Deve ser mantida e defendida pelo seu povo a qualquer custo.

Semana da Pátria no Instituto Imago Dei_2008

Dia nacional de ações de graça - Thanksgiving numa versão tupiniquim

Você sabia? ... que no Brasil é Lei Federal o Dia Nacional de Ações de Graça?
Você sabia? ... que esta data já foi comemorada por aqui como feriado cívico-religioso?

Antes de qualquer julgamento, acho pertinente uma reflexão do que representa esta celebração tipicamente americana, mas de significado que extrapola os limites culturais e regionais, pois ancora-se no sentimento mais elevado em relação ao próximo e a Deus - a gratidão.

Pintura à oleo do PrimeiroThanksgiving - recorda o primeiro jantar de agradecimento de um grupo de peregrinos com nativos, em 1621, no qual se agradeceu a Deus pela abundância de colheitas no novo mundo.

O sentimento motor do Dia de Ações de Graça deve ser a "
gratidão". Quando não existe este sentimento de gratidão para com Deus (na vertical) muito dificilmente ele poderá brotar na horizontal (para com os homens). Vivemos em uma sociedade cada vez mais centrada em seus próprios desejos e vontades, alienada de Deus e da Sua graça que alcança a todos. Infelizmente, esta atmosfera de indiferença a Deus e ao próximo é insalubre para o sentimento da gratidão. No Brasil, ainda que esteja marcado em nosso calendário cultural e até exista um decreto federal (Lei 781) estabelecendo este dia, esta data é ainda muito pouco compreendida, divulgada e celebrada entre os nós brasileiros.
Creio que a nossa nação seria outra se vivêssemos debaixo deste sentimento de gratidão para com a graça divina que se expressa de modo mais sublime na manifestação de atitudes positivas em direção ao próximo. Interessante como as escolas brasileiras foram ávidas em importar uma celebração mística e insignificante, como o Halloween dos americanos, e tentam incorporar na nossa cultura de modo postiço, porém, nem de longe, existiu o mesmo empenho com o Thanksgiving, uma celebração rica de significado e de valores. (ver histórico em outra postagem)
Não será uma comemoração e mais um dia no calendário cultural de eventos do país que fará diferença, mas é sempre bem-vinda uma data oficial que nos faça lembrar desta virtude todos os anos. Afinal, gratidão não é virtude uma virtude exclusiva, é pra todos!
Vejamos algumas definições e textos bíblicos relacionados ao tema de modo a fundamentar biblicamente o nosso pensamento nesta direção.
  • Gratidão: 1. Uma emoção do coração, animada por um favor ou benefício recebido; um sentimento de bondade ou boa vontade para com um benfeitor; agradecimento. 2. A gratidão é uma emoção agradável, que consiste ou acompanha uma disposição de boa vontade para com um benfeitor, e uma inclinação para fazer um retorno adequado de benefícios ou serviços. Quando este retorno não puder ser feito,  é legítimo também o sentimento que brota do desejo de ver o benfeitor próspero e feliz. 3. A gratidão é uma virtude da mais alta excelência, já que implica em um sentimento que brota de um coração generoso e de um bom senso de dever para com o outro. O amor de Deus deve ser a mais sublime inspiração de gratidão.       [WEBSTER, 1828]
  • Ação: disposição para agir; atividade, energia, movimento; faculdade de agir, de se mover; modo de proceder; comportamento; efeito de alguém ou algo sobre outra pessoa ou coisa; influência.
  • Graça: favor que se dispensa ou recebe; mercê, dádiva; boa vontade para com (alguém); benevolência, estima; dom que Deus concede aos homens; favor ou benefício concedido por Deus;
"A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre Samaria e Galiléia. Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele. Ficaram a certa distância e gritaram em alta voz: "Jesus, Mestre, tem piedade de nós! " Ao vê-los, ele disse: "Vão mostrar-se aos sacerdotes". Enquanto eles iam, foram purificados. Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz. Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era samaritano. Jesus perguntou: "Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove?" Lucas 17:11-17

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
1 Tessalonicenses 5:18

"Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seus corações". Colossenses 3:15-16

"Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus". 2 Timóteo 3:1-4


Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.
Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
2 Timóteo 3:1-4
Como podemos ver nesta breve pesquisa, o sentimento de gratidão faz parte do culto, agrada a Deus, é encorajado, é um virtude da mais alta excelência, porém, é geralmente negligenciada, como podemos ver no primeiro texto. Aliás, este texto representa bem alma humana, que dificilmente reconhece a graça sobre a sua vida. Temos a tendência de achar que, depois de recebido o favor, não passou de mera obrigação o serviço do outro.
A gratidão nos vacina contra o orgulho, altivez, prepotência, soberba, individualismo. É o reconhecimento do "eu não mereço, mas ainda assim recebi" e por isto sou muito grato.

Ações de graça é o resultado de um coração grato. É uma dinâmica da graça, pois um coração grato gera mais favor para os outros e isto afeta as duas pessoas envolvidas, tanto que recebe quanto quem oferece. Ela abre portas, semeia a generosidade! Nos livra das inquietações da alma e deste sentimento de insaciedade, murmuração, egoísmo e inveja, bem presentes nos nossos dias.

O último texto bíblico, no alerta para o fato que nos últimos dias as pessoas seriam ingratas. Existiria uma grande insensibilidade para com o valor do outro. Isto é destruidor do que existe de mais elevado, enquanto homens que somos - é desumano. Ser grato nos faz mais dependentes um do outro, nos confere dignidade e sentimento de pertencimento.

Neste sentido ‘ações de graça’ significa uma disposição de manifestar gratidão pela graça (favor não merecido) de que foi alvo através de uma disposição de abençoar outros com graça também.
De modo prático, o Dia de Ações de Graça, é um dia para exercitarmos a gratidão. É dia perdoar dividas, de cobrar menos, de doar, de abençoar, de perdoar desafetos, de tocar a vida de outros com favor, de celebrar, de compartilhar a mesa com outros, de dividir, de dar presentes, de ser misericordioso, de fazer um pequeno agradecimento por escrito em um cartão, um breve 'post' em uma rede social, entre tantos outros gestos, que sem dúvidas, oxigenarão a nossa atmosfera e tornará a nossa vida mais arejada e cheia de graça.
É um dia para lembrar que a graça de Deus nos faz mais humanos e menos 'super homem' independentes e superpoderosos. É dia de lembrar das nossas fraquezas, limitações, condição e miséria e do grande favor e misericórdia de Deus que nos alcança muitas vezes através do outro, pois ainda valem as palavras do profeta quando diz

"Disto me recordarei na minha mente; por isso esperarei. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; são novas a cada manhã, pois grande é a tua fidelidade". Lamentações 3:21-23


Celebração do Dia de Ações de Graça no Instituto Imago Dei - Parnamirim RN (2013)
Assim, saia por aí, não somente neste dia, mas em todos os dias, semeando 'ações de graça' por onde passar. Troque olhares gentis, agradeça os pequenos favores, cumprimente o porteiro, seja grato pelo serviço da atendente, seja compreensivo com os erros dos outros, seja gente, seja gracioso.
Comemore também com a sua família. Reúna-se em família e entre amigos e conte as bênçãos ... e "ficarás surpreso de ver o quanto Deus já fez". (Hino 63)

Ver também: http://editoraimagodei.blogspot.com/2015/11/gratidao-forca-motriz-da-graca-para-com.html

Para saber mais:
http://www.acaodegracas.com.br   -  participe pelo movimento do Dia de Ações de Graça no Brasil.

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/L781.htm
Lei Federal que estabelece a quarta quinta-feira de novembro como Dia Nacional de Ações de Graça


https://youtu.be/gbacr52_h4M   - Video histórico (Cerimônia do Dia Nacional de Ação de Graças, realizada em 1976 na sede do Banco Bradesco, na Cidade de Deus /Osasco/SP.

E o nosso folclore?

O folclore enquanto manifestação da individualidade do nosso povo é muito rico e deve ser objeto da nossa atenção. Temos percebido um distan...